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Preparo seminal

O preparo seminal faz parte dos tratamentos de reprodução assistida – inseminação intrauterina (IIU) e fertilização in vitro (FIV). A técnica é realizada com o objetivo de selecionar os espermatozoides mais preparados para fertilizar um óvulo. Assim, os métodos aplicados revelam os gametas móveis e morfologicamente saudáveis, enquanto possibilitam a exclusão daqueles com baixo potencial de fecundação.

Na gravidez natural, a seleção dos espermatozoides ocorre em vários locais do sistema reprodutor feminino. O trajeto dos gametas masculinos começa na parte superior da vagina, onde são depositados após a ejaculação. As células germinativas, então, seguem para o orifício cervical e iniciam uma corrida competitiva para chegar até o óvulo, que aguarda em uma das tubas uterinas.

Dentre a quantidade total de gametas ejaculados, somente cerca de 10% conseguem entrar no colo do útero. O número reduz para 1% que chega até o útero e apenas 0,1% completam a jornada até a tuba uterina. Assim, dezenas de milhões de espermatozoides são depositados no trato genital feminino, mas somente um consegue fertilizar o óvulo, após superar todas as barreiras do percurso.

Portanto, no processo natural ocorre uma seleção altamente rigorosa e eficiente para garantir a união entre os gametas mais saudáveis. Na reprodução assistida, as técnicas de preparo seminal, ou capacitação espermática, foram desenvolvidas para simular as barreiras do sistema reprodutor feminino e aumentar as chances de sucesso do tratamento.

Qual é a importância do preparo seminal para a reprodução assistida?

O espermograma é a principal ferramenta de avaliação da fertilidade masculina. O exame permite a análise macroscópica e microscópica do líquido seminal e consegue detectar alterações na quantidade e na qualidade dos espermatozoides. Entretanto, determinados detalhes que interferem no potencial reprodutivo do homem podem escapar à análise do espermograma.

A amostra de esperma pode conter espermatozoides imaturos e com baixa qualidade, ainda que os parâmetros seminais estejam dentro do normal. Assim, o preparo seminal pode ser considerado um complemento do exame anterior.

É oportuno explicar que no trato reprodutivo feminino a seleção natural dos espermatozoides ocorre no muco cervical, no útero, nas trompas e na zona pelúcida do óvulo. Os métodos de capacitação espermática propõem barreiras semelhantes a essas para que os gametas mais bem preparados se revelem dentre os milhões que foram coletados.

Os espermatozoides de melhor qualidade – com motilidade progressiva e morfologia perfeita – são selecionados a partir do preparo seminal e utilizados na IIU ou na FIV. A escolha do tipo de tratamento depende das causas identificadas na avaliação da infertilidade conjugal.

A IIU é realizada diante de situações mais simples, como disfunção ovulatória, alterações seminais leves e reprodução de casais homoafetivos femininos ou mulheres solteiras. O tratamento inclui a estimulação ovariana, o preparo seminal e a introdução dos espermatozoides no útero da paciente.

A FIV é indicada para uma ampla gama de condições de infertilidade, incluindo as mais graves, como idade materna avançada, endometriose severa, doenças uterinas, obstrução tubária e azoospermia (ausência de espermatozoides no ejaculado). Nessa técnica de reprodução, várias etapas são seguidas, incluindo: estimulação ovariana; punção dos óvulos e preparo seminal; fertilização; cultivo dos embriões; transferência para o útero materno.

Quais são os métodos de preparo seminal?

As técnicas mais utilizadas no preparo seminal são a lavagem simples, a migração ascendente (swim-up) e o gradiente descontínuo de densidade.

Na lavagem simples, primeiramente, o plasma seminal é removido com a diluição do sêmen em um meio de cultura – esse é um procedimento importante, já que o líquido plasmático pode conter células não germinativas que afetam o potencial de fecundação dos gametas. Em seguida, a amostra seminal é colocada em tubos de centrifugação que revelam quais são os espermatozoides que conseguem se mover.

A técnica de migração ascendente avalia a motilidade progressiva dos espermatozoides, ou seja, somente os que são capazes de se movimentar de modo direcional são selecionados. Para isso, os gametas são colocados em um tubo de ensaio e devem nadar para fora do plasma seminal, migrando para o topo do líquido de cultura.

O gradiente descontínuo de densidade baseia-se na aplicação de uma força centrífuga que obriga os espermatozoides a se moverem por substâncias de diferentes densidades. Chegam ao fundo do tubo somente os que são capazes de superar todos os gradientes. Já aqueles que apresentam qualidade inferior ficam retidos na primeira camada e são descartados, assim como o conteúdo plasmático, os detritos, leucócitos e células degeneradas.

Além dos métodos mais utilizados no preparo seminal, a reprodução assistida conta com estratégias avançadas de seleção de esperma. Exemplo disso é o exame morfológico da organela do espermatozoide móvel (MSOME), que já faz parte dos protocolos de FIV ICSI – fertilização com injeção intracitoplasmática de espermatozoides. Trata-se de um método que avalia a morfologia dos gametas com maior ampliação digital e identifica alterações mínimas, como os vacúolos nucleares.

Há, ainda, várias outras técnicas de seleção de espermatozoides, recentemente desenvolvidas, que podem vir a somar com os métodos tradicionais de preparo seminal. Contudo, as novas estratégias, mais sofisticadas e mais caras que as atuais, ainda estão em estágios experimentais.