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Criopreservação

A criopreservação é uma técnica utilizada na reprodução assistida com a finalidade de preservar materiais biológicos para uso futuro, incluindo óvulos, espermatozoides, embriões e tecidos gonádicos. Os avanços nessa área contribuíram para o desenvolvimento de técnicas de congelamento que garantem a integridade das células, mesmo após longos períodos de permanência em temperaturas baixíssimas, que se aproximam dos 200 graus negativos.

Os métodos atuais de criopreservação provocam a paralisação biológica dos gametas e embriões, mas sem causar danos ou morte celular. Assim, os movimentos moleculares e as atividades enzimáticas são suspensos durante o período de congelamento, mas são recuperados sem prejuízos quando os materiais são descongelados.

A possibilidade de criopreservar gametas e embriões ampliou o alcance da reprodução assistida e hoje a técnica é indicada em diferentes situações, como na preservação social ou oncológica da fertilidade, na criação de um banco de óvulos ou sêmen para doação e no congelamento de embriões excedentes em ciclos de fertilização in vitro (FIV).

Como a criopreservação é realizada?

A princípio, a criopreservação era realizada por meio do congelamento lento, que consiste na substituição gradual da água intracelular por substâncias crioprotetoras. Atualmente, a vitrificação é o método mais utilizado para congelar materiais biológicos.

Os crioprotetores são substâncias que garantem a proteção das células contra os efeitos nocivos da exposição à temperatura congelante. Na vitrificação, uma quantidade elevada de crioprotetores é utilizada e o congelamento ocorre de modo ultrarrápido, evitando a formação de cristais intracitoplasmáticos, os quais provocariam danos celulares.

Em poucos minutos, os materiais passam do estado líquido para o vítreo, então são mantidos em tanques de nitrogênio líquido com temperaturas que chegam a 196º negativos. A atividade biológica dos gametas e embriões é interrompida, mas a viabilidade e as competências fisiológicas são preservadas para uso futuro.

O uso de óvulos e espermatozoides que estiveram criopreservados não altera a qualidade dos embriões que são formados após o descongelamento. Da mesma forma, as transferências de embriões a fresco para o útero materno não demonstram taxas superiores de gravidez em relação às transferências de embriões congelados.

Em quais situações a criopreservação é indicada?

A criopreservação é necessária em diferentes situações no contexto da reprodução assistida. Entenda quais são as indicações e a importância dessa técnica!

Preservação oncológica da fertilidade

Pacientes que precisam passar por tratamento de câncer correm o risco de comprometer sua capacidade reprodutiva, de modo temporário ou irreversível, devido aos efeitos adversos das terapias utilizadas. Para esses casos, a preservação oncológica da fertilidade é uma alternativa. Assim, gametas, embriões e tecidos gonádicos (ovariano ou testicular) podem ser congelados para uso posterior.

Essa opção também se aplica a outras condições médicas, como a endometriose. Quando essa doença atinge os ovários e o tratamento cirúrgico é necessário, recomenda-se o congelamento dos óvulos antes da cirurgia, em razão do risco de lesões ovarianas.

Preservação social da fertilidade

A criopreservação de óvulos também é indicada para mulheres que pretendem adiar a maternidade, o que tem sido cada vez mais comum. A autonomia feminina na sociedade contemporânea permite que a mulher realize outros projetos — pessoais, profissionais, financeiros e acadêmicos — antes de se tornar mãe. Entretanto, as funções reprodutivas sofrem o impacto da idade.

A partir dos 35 anos, as chances de engravidar declinam progressivamente. Portanto, as mulheres que pretendem ter filhos somente após essa idade são aconselhadas a congelar seus gametas para realizar uma fertilização in vitro no futuro.

Congelamento de embriões excedentes

Após um ciclo de FIV, normalmente existem embriões excedentes, ou seja, o número de embriões formados foi maior do que o permitido para transferência.

As normas que orientam a reprodução assistida limitam a quantidade de embriões que podem ser transferidos para o útero da paciente, a fim de evitar gestações gemelares. Assim, quando há excedentes, a criopreservação é necessária e o casal deve decidir se pretende doá-los ou tentar uma nova gravidez no futuro.

Doação de gametas

Outra importante técnica da reprodução assistida é a doação de óvulos e sêmen para pacientes que não conseguem a gravidez com seus próprios gametas. Dessa forma, a criopreservação possibilita a criação de um banco de doadores. Conforme necessidade, esses materiais são escolhidos — se possível, observando a semelhança fenotípica entre o doador e os futuros pais — e descongelados para o tratamento de reprodução.

Adiamento da transferência embrionária

Por fim, a criopreservação pode ser necessária durante os programas de FIV, quando determinadas condições interferem no seguimento do tratamento. Por exemplo, a síndrome do hiperestímulo ovariano (SHO), que ocorre quando os ovários respondem de forma excessiva aos medicamentos hormonais da estimulação ovariana. Assim, é preciso congelar todos os embriões — técnica chamada freeze-all — para dar tempo ao restabelecimento do organismo da paciente, e a transferência ocorre no ciclo seguinte.

Da mesma forma, os embriões são criopreservados e transferidos no ciclo seguinte quando é preciso realizar outras técnicas durante a FIV, como o teste genético pré-implantacional (PGT).