Carregando...
CARREGANDO...

Preservação social da fertilidade

A criopreservação de gametas e embriões por motivos médicos, como tratamentos de câncer ou cirurgia de endometriose, já é uma alternativa explorada há tempos. Nas últimas décadas, o congelamento de óvulos também passou a ser realizado como preservação social da fertilidade, tendo em vista o aumento no número de mulheres que optam por adiar a maternidade.

A idade materna avançada é um dos principais fatores que levam os casais em busca de reprodução assistida — com destaque à fertilização in vitro (FIV), que trabalha com diversas técnicas complementares para otimizar o tratamento de tentantes tardias, bem como de outros quadros de infertilidade.

O interesse na criopreservação de óvulos e embriões por razões não clínicas, e sim pessoais, é uma realidade crescente. Com essa técnica, você pode prolongar sua vida fértil se tiver a intenção de realizar outros projetos antes de se tornar mãe. Nesse sentido, planos de carreira, restrição financeira e falta de parceiro estão entre os motivos mais comuns para o adiamento da maternidade.

Quem pode fazer a preservação social da fertilidade?

Tanto a mulher quanto o homem que desejam postergar o plano de ter filhos podem recorrer ao congelamento eletivo de óvulos ou espermatozoides para preservar sua fertilidade. Entretanto, é bem mais comum que as mulheres busquem esse tipo de tratamento, uma vez que a vida fértil feminina é mais curta que a masculina.

Enquanto o homem consegue produzir espermatozoides durante praticamente toda a vida, a mulher nasce com um número finito de óvulos, que diminui progressivamente ao longo da vida.

As chances de gravidez espontânea diminuem a partir dos 35 anos. Essa redução é ainda mais acentuada após os 40 anos e culmina com o esgotamento da reserva ovariana quando a mulher atinge a menopausa.

A qualidade dos óvulos também sofre o impacto do envelhecimento ovariano, o que aumenta a incidência de infertilidade, abortamentos e doenças cromossômicas, como a síndrome de Down, nas gestações tardias.

Diante dessas limitações biológicas impostas pelo avançar da idade, o congelamento social de oócitos pode, inclusive, melhorar a qualidade de vida da mulher, visto que ajuda a reduzir a ansiedade relacionada ao tempo limite para ter um filho. Assim, você pode realizar a preservação social da fertilidade se ainda:

  • está envolvida com seus objetivos de carreira e formação acadêmica;
  • quer garantir mais estabilidade financeira antes de engravidar;
  • não tem um parceiro que compartilhe de seu planejamento familiar;
  • tem outros projetos pessoais em vista;
  • não se sente preparada de modo geral para ter um filho, inclusive no sentido emocional.

Como a preservação social da fertilidade é realizada?

O congelamento de oócitos é a principal forma de realizar a preservação social da fertilidade feminina. Contudo, a criopreservação de embriões também é uma opção quando a mulher já tem um parceiro que faça parte de seus planos de família e tenha decidido postergar a maternidade por outras razões — como oportunidade de carreira ou situação financeira.

Vale lembrar que a criopreservação de óvulos e embriões faz parte dos tratamentos de reprodução por FIV. Entenda como essas técnicas são realizadas!

Congelamento de óvulos

Para realizar o congelamento de seus gametas, a paciente passa por exames que avaliam a reserva ovariana. A contagem dos folículos antrais por ultrassom ajuda a estimar a capacidade de resposta dos ovários e a definir o protocolo mais apropriado para o procedimento de estimulação hormonal.

A estimulação ovariana é realizada com a administração de medicamentos similares aos hormônios produzidos pelo organismo feminino. Com isso, os ovários conseguem recrutar uma quantidade maior de óvulos do que acontece em ciclos naturais. Após o desenvolvimento dos oócitos, mas ainda antes que ocorra a ovulação, os folículos ovarianos são aspirados e um embriologista faz a análise e a seleção dos gametas que serão congelados.

Os óvulos podem ficar em criopreservação por anos, sem que sua qualidade seja afetada. Assim, a técnica de vitrificação, utilizada para congelar os materiais biológicos, é segura para preservar a vitalidade dos gametas e embriões.

Quando a paciente decide concluir o tratamento para engravidar, os óvulos são descongelados e fertilizados. O sêmen utilizado pode ser do parceiro da mulher ou de um banco de doação anônimo. A amostra seminal é devidamente processada por técnicas de capacitação espermática para obter os gametas masculinos com melhor morfologia e motilidade.

Após a fertilização, os embriões são observados durante os primeiros dias de desenvolvimento e, finalmente, transferidos para o útero. Para recebê-los, normalmente a mulher precisa realizar o preparo endometrial com hormônios que deixarão o ambiente uterino favorável ao processo de implantação.

Criopreservação de embriões

Para chegar ao congelamento dos embriões já formados, seguimos os mesmos procedimentos que foram descritos para congelar os óvulos, com a diferença de que também passamos pela fertilização e os primeiros dias de cultivo embrionário. Depois disso é que os embriões são criopreservados.

Da mesma forma, quando a paciente conclui que é hora de ter seu filho, ela passa pelo preparo uterino com hormônios que propiciam a receptividade do endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero. Por fim, os embriões são descongelados e transferidos para o ambiente intrauterino.

A preservação social da fertilidade, portanto, é uma alternativa interessante se você planeja adiar os planos de gravidez para depois dos 35 anos. Ainda assim, vale alertar que os riscos de complicações obstétricas aumentam com o passar dos anos, o que requer uma avaliação cuidadosa antes da tomada de decisão.