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Infertilidade sem causa aparente (ISCA)

Um casal é considerado infértil quando não consegue confirmar a gravidez após 1 ano de tentativas. Ao procurar acompanhamento especializado, homem e mulher passam por vários exames para detectar os fatores envolvidos na dificuldade de concepção. A investigação pode revelar causas femininas, masculinas ou de ambos. Contudo, existem casos em que nenhum problema é identificado, o que caracteriza a infertilidade sem causa aparente (ISCA).

O diagnóstico de ISCA é um desafio para as pessoas inférteis, visto que dificulta a formulação do prognostico reprodutivo e isso pode gerar apreensão e ansiedade ao casal. No entanto, a reprodução assistida trabalha com técnicas de baixa e alta complexidade, destinadas à resolução de diversos problemas, simples ou graves, que interferem no funcionamento do sistema reprodutor.

Se você também lida com a expectativa de ter um filho, mas tem encontrado dificuldades para alcançar esse objetivo, entenda o que é ISCA e quais são as possibilidades de tratamento para os casais com esse diagnóstico!

Como se chega ao diagnóstico de infertilidade sem causa aparente?

Para chegar ao diagnóstico de ISCA, o casal segue um longo percurso. Primeiramente, são realizados inúmeros exames para descartar outras doenças nos órgãos reprodutores. Somente se todos os resultados constarem normalidade é que se utiliza a definição de infertilidade sem causa aparente, portanto, um diagnóstico feito por exclusão das demais causas.

Tanto a mulher quanto o homem passam por avaliação clínica com exame físico e anamnese — investigação de histórico médico, sexual e reprodutivo. Ambos também realizam dosagens hormonais para averiguar se há desequilíbrio na concentração dos hormônios que agem no sistema reprodutor, bem como exames sorológicos para o rastreio de infecções.

Avaliação da fertilidade feminina

Na investigação específica da mulher, a avaliação da reserva ovariana é um dos testes mais importantes, pois permite verificar a quantidade de óvulos armazenados, o que é um forte biomarcador da fertilidade feminina. A ultrassonografia pélvica também é um dos primeiros exames a serem realizados e apresenta boa acurácia na detecção de várias alterações ovarianas, uterinas e tubárias.

A histerossalpingografia é mais uma ferramenta que ajuda a observar as condições do útero e das tubas uterinas. Em alguns casos, a ressonância magnética também é indicada para complementar a investigação. Já a histeroscopia é um recurso de alta relevância para confirmar mínimas alterações no interior do útero, as quais não são facilmente observadas por um ultrassom ou outros exames de imagem.

Avaliação da fertilidade masculina

O principal exame masculino é o espermograma, que permite a avaliação da qualidade dos espermatozoides — em relação à morfologia e à motilidade — e da quantidade de gametas em uma amostra de sêmen. Com esse exame, é possível chegar a vários diagnósticos, como:

  • azoospermia: ausência de espermatozoides no líquido ejaculado;
  • oligozoospermia: quantidade insuficiente de gametas;
  • teratozoospermia: baixo número de células com morfologia adequada;
  • astenozoospermia: baixa quantidade de espermatozoides com mobilidade progressiva.

O homem também pode realizar a ultrassonografia da bolsa escrotal com Doppler colorido a fim de verificar se há obstruções, problemas no retorno venoso ou anormalidades estruturais no trato reprodutivo. Outra ferramenta de avaliação é a fragmentação do DNA espermático, assim como outros testes de função espermática, os quais podem identificar falhas específicas que os outros exames não conseguem rastrear.

Resultados que apontam para o diagnóstico de ISCA

Após a realização dos exames necessários, o casal se enquadra no diagnóstico de ISCA quando:

  • a mulher tem menos de 35 anos e ovula normalmente;
  • a reserva ovariana não apresenta déficits além da redução natural;
  • as tubas uterinas são permeáveis;
  • o útero está livre de doenças;
  • o espermograma aponta parâmetros seminais dentro do normal;
  • em geral, não há infecções, lesões ou alterações anatômicas que possam prejudicar as funções reprodutivas femininas e masculinas.

Casais com ISCA podem engravidar com reprodução assistida?

As técnicas da reprodução assistida demonstram eficácia na superação de diversas condições de infertilidade. Os tratamentos são definidos de forma individualizada, levando em conta as características e particularidades de cada casal. Casos mais simples podem ser solucionados com técnicas de baixa complexidade, enquanto os quadros mais graves são direcionados à fertilização in vitro (FIV).

Casais com ISCA podem começar pelos tratamentos mais simples, dependendo da reserva ovariana, idade do casal e tempo de infertilidade. O coito programado (CP) e a inseminação intrauterina (IIU) requerem pouca intervenção no processo conceptivo e a fecundação ocorre in vivo — no corpo da mulher. Ambas as técnicas podem ser realizadas em ciclos ovulatórios naturais ou com estimulação ovariana, procedimento com administração de medicamento hormonais para aumentar a quantidade de óvulos maduros em um ciclo.

A diferença entre as duas técnicas é que no CP, os gametas masculinos entram no sistema reprodutor feminino por vias naturais, isto é, por meio da relação sexual. Já na IIU, uma amostra de sêmen é coletada e preparada com técnicas de capacitação espermática para ser introduzida no útero da paciente no dia da ovulação.

A FIV é ainda mais complexa e envolve um conjunto de etapas para controlar a reprodução humana. A fim de ampliar as chances de casos bem-sucedidos, a FIV ainda pode ser realizada com o apoio de técnicas complementares, desenvolvidas para superar problemas específicos. Portanto, trata-se de um tratamento minucioso e que pode chegar ao desfecho aguardado pelos casais com infertilidade sem causa aparente.