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Infertilidade feminina

Muitas mudanças ocorreram na sociedade nas últimas décadas, garantindo maior participação feminina no mercado de trabalho, oportunidades de crescimento acadêmico e múltiplas possibilidades para a mulher, em termos de vida social e projetos pessoais. Diante desse contexto, e com a variedade de métodos contraceptivos disponíveis, a determinação tradicional de casar-se, engravidar e cuidar de uma família passou a ser uma escolha.

Contudo, mesmo diante de tantos caminhos e experiências possíveis, grande parte das mulheres nutre o sonho de ser mãe — mas o que é um acontecimento natural na vida de algumas pode ser um grande desafio para outras. A infertilidade feminina pode ter diferentes causas e o acompanhamento especializado é essencial nesses casos, em razão dos impactos na saúde física e emocional da mulher.

Se você também vem enfrentando dificuldades para confirmar uma gravidez, veja, neste texto, quais fatores estão associados à infertilidade feminina e descubra o que pode ser feito para superar esse desafio!

Quais são as causas de infertilidade feminina?

A infertilidade feminina pode ser provocada por diferentes fatores, dentre os quais destaca-se a questão da idade em que a mulher pretende engravidar. A partir dos 35 anos, as chances de uma gravidez natural diminuem progressivamente, tanto pela redução da reserva ovariana (quantidade de óvulos) quanto pelo declínio na qualidade das células reprodutivas.

Além da idade, conheça outros importantes fatores associados à infertilidade feminina:

Disfunções ovulatórias

Os problemas de ovulação são comuns entre as mulheres que buscam a medicina reprodutiva e podem decorrer de diferentes distúrbios endócrinos. A secreção dos hormônios que participam do ciclo menstrual depende da ação de estruturas como hipotálamo, hipófise, adrenais, tireoide e ovários. Portanto, alterações em cada uma dessas glândulas podem afetar o processo ovulatório.

Dentre as condições que representam infertilidade feminina de origem endócrina estão: falência ovariana prematura (FOP); hiperplasia adrenal congênita (HAC); hipotireoidismo; tumores hipofisários; amenorreia hipotalâmica; síndrome dos ovários policísticos (SOP) — a causa mais conhecida de disfunção ovulatória; entre outros quadros.

Os distúrbios de ovulação surgem a partir da predisposição genética da mulher ou podem ser facilitados pelo estilo de vida. Os principais fatores modificáveis que afetam a função ovulatória são maus hábitos, obesidade e tabagismo.

Fatores tubários

A obstrução das tubas uterinas é um fator grave de infertilidade, uma vez que impõe um bloqueio na passagem dos espermatozoides, impedindo a fecundação. Dependendo do tipo de obstrução, também é possível que um gameta masculino chegue até o óvulo e o fecunde, mas se o embrião não conseguir percorrer toda a tuba para chegar ao útero, existe o risco de que ele se implante ali mesmo, ocasionando uma gravidez ectópica.

As causas de obstrução tubária incluem endometriose, laqueadura e salpingite — inflamação nas tubas, que pode ser provocada por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) como clamídia e gonorreia. A salpingite pode fazer parte de um quadro de doença inflamatória pélvica (DIP), patologia que também costuma afetar os ovários (ooforite) e o endométrio (endometrite).

O endométrio é a camada interna do útero, justamente o tecido onde ocorre a implantação embrionária. A endometrite pode alterar as características do órgão e deixá-lo não receptivo para o embrião.

Fatores uterinos

Além da endometrite, outros fatores uterinos incluem malformações congênitas e doenças estruturais adquiridas. Miomas, pólipos, adenomiose e sinequias são exemplos de afecções que alteram a anatomia do útero e prejudicam sua função — que é receber o embrião e fornecer condições para o seu desenvolvimento.

Entre as anomalias congênitas está a ausência parcial ou total do órgão. Casos assim são raros, além de assintomáticos, o que retarda o diagnóstico. Mulheres com esse tipo de problema podem ter espaço insuficiente na cavidade uterina para que o bebê possa crescer.

Endometriose

A endometriose é caracterizada por implantes de tecido endometrial que crescem fora do útero, causando uma inflamação nos órgãos afetados. Quando as tubas uterinas são acometidas, o endométrio ectópico forma aderências no interior do órgão, resultando em obstrução tubária. A doença também pode prejudicar a função dos ovários, devido à formação de cistos (endometriomas).

Além disso, a endometriose pode causar infertilidade em razão da inflamação que provoca, uma vez que as citocinas pró-inflamatórias apresentam um efeito tóxico sobre os gametas e embriões, impactando adversamente o seu deslocamento pelas tubas.

Trombofilias

Trombofilia é uma condição em que o organismo apresenta maior propensão ao estado de hipercoagulabilidade, com consequente formação de trombos (coágulos sanguíneos). Nesse quadro, pode ocorrer a oclusão dos vasos do endométrio, o que interfere na vascularização do útero e dificulta o desenvolvimento embrionário.

Ainda que uma gravidez seja confirmada, a gestante com trombofilia faz parte do grupo de gestação de alto risco e precisa de uma acompanhamento rigoroso para evitar complicações obstétricas.

Quais exames diagnósticos a mulher realiza?

Na investigação da infertilidade, a paciente realiza vários exames que permitem rastrear alterações no sistema reprodutor. O primeiro passo do percurso diagnóstico é a avaliação clínica. Uma anamnese completa levanta informações sobre a idade da primeira menstruação (menarca), padrão menstrual, vida sexual, histórico gestacional e desfechos obstétricos, uso de contraceptivos, entre outros dados. O exame físico também é realizado em consultório e complementa esse primeiro momento da avaliação.

Os demais exames são solicitados de forma individualizada, de acordo com os achados clínicos e a suspeita diagnóstica. De modo geral, os exames que podem ser solicitados durante a avaliação da infertilidade feminina incluem:

Em casos selecionados podem ser solicitados:

  • teste do cariótipo;
  • ressonância magnética;
  • histeroscopia ambulatorial (quando há suspeita de afecções intrauterinas).

Quais são as alternativas de tratamento para mulheres inférteis?

A reprodução assistida dispõe de várias técnicas que facilitam a concepção. Contudo, caso os exames identifiquem alguma condição patológica no sistema reprodutor feminino, esta precisa ser primeiramente tratada antes de prosseguir com os planos de gravidez, visto que algumas doenças podem interferir no processo conceptivo, além de colocar a gestação em risco.

Cada paciente é avaliada com um olhar médico individualizado. Os casos mais simples, como as disfunções ovulatórias, podem passar primeiramente pelas técnicas de baixa complexidade — coito programado (CP) e inseminação intrauterina (IIU). Para aumentar as chances de sucesso nesses tratamentos, a mulher deve ter menos que 35 anos e impermeabilidade tubária (pelo menos uma das tubas sem obstrução).

Pacientes com idade mais avançada, fatores tubários, doenças uterinas e endometriose grave encontram mais chances de engravidar com a fertilização in vitro (FIV). Esse tipo de tratamento é indicado para muitos casos de infertilidade feminina, bem como para casais com problemas masculinos, com alterações nos espermatozoides ou até mesmo azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen).

Na FIV, técnica considerada de alta complexidade, todo o processo de reprodução humana é controlado em ambiente laboratorial e clínico, portanto, fora do corpo da paciente — desde a estimulação dos ovários para produzir um número múltiplo de óvulos até a fecundação e o cultivo dos embriões. Somente após os primeiros dias de desenvolvimento embrionário é que a mulher recebe os embriões em seu útero.