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Uretrite

Uretrite é uma doença inflamatória do trato urinário inferior que pode acometer homens e mulheres, principalmente em idade sexualmente ativa. A uretra é um conduto que tem a função de fazer o escoamento da urina. Nos homens, esse tubo fibromuscular também permite a saída do líquido seminal.

Quando acometidos pela uretrite, tanto o homem quanto a mulher podem apresentar dificuldades urinárias. A doença também pode causar infertilidade, uma vez que há o risco de a infecção se alastrar para outros órgãos do sistema reprodutor: nos homens, próstata, epidídimos e testículos podem ser afetados; nas mulheres, a falta de tratamento adequado permite a ascensão do agente infeccioso pelo trato reprodutivo, culminando em inflamações no útero e nas tubas uterinas.

A uretrite é classificada como infecção gonocócica e não gonocócica, conforme o patógeno causador do quadro. Somando os casos notificados que abrangem os dois tipos da doença, o número de novas infecções anuais ultrapassa os 3 milhões e meio — isso só entre os americanos.

Então, se você suspeita de um quadro de infertilidade conjugal, acompanhe este texto atentamente para entender se a uretrite pode ser uma possível causa do seu problema!

O que causa a uretrite?

A uretrite é causada, na maioria das vezes, por microrganismos associados às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Os principais agentes envolvidos são Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, causadores de gonorreia e clamídia.

A bactéria da gonorreia é a principal causa de uretrite e leva o quadro à classificação de doença gonocócica. Esse tipo de uretrite é considerado o mais agressivo e acomete, com mais frequência, o trato genital masculino.

O patógeno da clamídia é apontado como a causa mais frequente de uretrite não gonocócica. Outros microrganismos causadores desse tipo de infecção incluem: Mycoplasma genitalium; Trichomonas vaginalis; Treponema pallidum; vírus do herpes simples; entre outros.

Embora com pouca incidência, a uretrite também pode ser provocada por causas não infecciosas, como traumas na uretra (uso de sondas vesicais, realização de cirurgias etc.) e exposição a determinados agentes químicos, como os espermicidas.

A uretrite apresenta sintomas?

Os sintomas da uretrite podem variar de intensidade de acordo com o agente causador. Da mesma forma, a doença se manifesta com gravidade diferente conforme o gênero da pessoa infectada, sendo mais sintomática em homens.

Os principais sintomas são secreção uretral, coceira no órgão genital, dor e queimação ao urinar. A secreção também tem aspecto variável, apresentando-se como um corrimento purulento nos casos de infecção gonocócica. Quando a doença é causada pela clamídia, o quadro é comumente assintomático, sobretudo em mulheres, enquanto os homens podem manifestar sintomas brandos.

Abrangendo todos os possíveis sintomas da uretrite, o homem pode apresentar:

  • disúria (dificuldades urinárias);
  • prurido (coceira);
  • secreção peniana;
  • dor, sensibilidade e inchaço no pênis;
  • vestígios de sangue na urina ou no sêmen.

Mulheres com uretrite sintomática, podem ter manifestações semelhantes às do homem, incluindo alterações urinárias, corrimento vaginal, dor abdominal e pélvica e dor durante a relação sexual.

Quais são as complicações da uretrite?

A uretrite, se tratada precocemente, não oferece sérios riscos. No entanto, a demora para procurar acompanhamento médico pode agravar a doença e dar tempo ao patógeno para afetar os demais órgãos do trato reprodutivo.

Os homens podem desenvolver inflamação na próstata (prostatite), nos epidídimos (epididimite) e se estender até os testículos (orquiepididimite). Outra complicação da uretrite no órgão genital masculino é a estenose uretral, caracterizada pelo estreitamento da uretra, o que prejudica a função do conduto e aumenta os riscos de alterações no trato urinário.

As inflamações nos órgãos reprodutores masculinos podem provocar a formação de cicatrizes que obstruem a passagem dos espermatozoides, levando a um quadro de azoospermia (ausência de gametas no líquido ejaculado), o que caracteriza um fator grave de infertilidade masculina.

As mulheres podem desenvolver doença inflamatória pélvica (DIP), caso o agente infeccioso da uretrite avance até o trato genital superior e resulte em infecções no colo do útero (cervicite), nas tubas uterinas (salpingite), nos ovários (ooforite) e na camada interna do útero (endometrite). Todas essas condições interferem, de alguma forma, no potencial reprodutivo da mulher.

Como é feito o diagnóstico e o tratamento da uretrite?

A suspeita clínica da uretrite ocorre quando o paciente tem vida sexual ativa e apresenta manifestações típicas como coceira, dor e queimação ao urinar e secreção genital. Informações sobre o comportamento sexual, como múltiplos parceiros e falta do uso de preservativos, contribuem para a formulação da hipótese diagnóstica, visto que são importantes fatores de risco.

Entre os exames realizados para confirmar o quadro de infecção estão:

  • exame físico, para detectar alterações como inchaço, sensibilidade e presença de linfonodos;
  • testes de sangue e urina;
  • análise da secreção uretral.

Outras técnicas diagnósticas importantes para verificar o impacto da uretrite na capacidade reprodutiva dos pacientes incluem: espermograma e ultrassonografia da bolsa escrotal para os homens; ultrassom transvaginal, histerossalpingografia e biópsia endometrial para as mulheres.

Qual é o papel da reprodução assistida frente aos casos de uretrite?

Diante dos problemas reprodutivos ocasionados pela uretrite, a indicação mais promissora da reprodução assistida é a fertilização in vitro (FIV). Essa técnica envolve várias etapas que conduzem o processo de geração de um ser humano, incluindo:

  1. estimulação dos ovários para obtenção de um número maior de óvulos maduros;
  2. coleta dos gametas femininos antes da ovulação, bem como do material biológico masculino, além da preparação dos espermatozoides;
  3. fecundação dos óvulos;
  4. cultivo dos embriões;
  5. transferência para o útero.

Além dos procedimentos principais, a FIV conta com técnicas complementares que são incorporadas ao tratamento conforme a avaliação individualizada do casal. Por exemplo, homens com azoospermia podem ter seus espermatozoides coletados diretamente dos órgãos reprodutores, por meio de punção ou microcirurgias de recuperação espermática.

Por sua vez, mulheres que tiveram complicações a partir da uretrite — como a endometrite que torna o útero desfavorável para receber o embrião — podem se beneficiar de tratamentos com antibióticos e melhora do microbioma endometrial antes da transferência embrionária.