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Miomas uterinos

Miomas uterinos são tumores benignos comuns entre mulheres em idade reprodutiva. São constituídos por células de musculatura lisa e se formam na camada intermediária do útero, chamada de miométrio. Podem se desenvolver em diferentes tamanhos, chegando a grandes dimensões, a ponto de alterar a anatomia do útero e exercer compressão sobre os órgãos próximos.

Assim como em outras neoplasias, os miomas também passam por multiplicação celular descoordenada, mas não invadem outros tecidos. Esses tumores são hormônio-dependentes, portanto a secreção de estrogênio e progesterona, que ocorre em todo ciclo menstrual, mantém os miomas. Com a chegada da menopausa e o término da liberação hormonal cíclica, a doença tende a regredir.

Os miomas também são conhecidos como fibroides e são classificados em três tipos, conforme sua localização em relação à parede uterina: os subserosos ficam na superfície externa do útero e se projetam para fora, podendo crescer e comprimir os órgãos vizinhos; os intramurais se desenvolvem dentro da parede do útero; os submucosos crescem em direção à camada uterina interna, o endométrio, sendo os mais associados à infertilidade feminina.

Como os miomas são, em sua maioria, assintomáticos, existe uma dificuldade para detectá-los precocemente. Em muitos casos, a mulher pode chegar ao diagnóstico somente durante a investigação da infertilidade ou em ocasião de abortamentos. Se você desconfia que tem essa condição, leia este texto atentamente e procure ajuda especializada!

Quais são as causas e os fatores de risco?

Miomas uterinos são de origem multifatorial. Componentes bioquímicos, aspectos genéticos, história reprodutiva, influência hormonal, impactos ambientais e estilo de vida são fatores relacionados ao desenvolvimento da doença.

Em síntese, os seguintes aspectos parecem aumentar o risco para desenvolver miomas:

  • histórico da doença em parentes de primeiro grau;
  • menarca precoce;
  • nuliparidade;
  • peso corporal elevado;
  • raça negra;
  • estilo de vida — dieta desbalanceada, tabagismo, estresse, consumo de cafeína e álcool.

Quais são os sintomas dos miomas uterinos?

A sintomatologia dos miomas depende das características de cada caso — localização, quantidade e tamanho dos tumores. Boa parte das mulheres nem mesmo apresenta sintomas, mas os principais indícios dessa patologia incluem:

  • sangramento uterino anormal, caracterizado por fluxo abundante e/ou período menstrual prolongado;
  • cólicas intensas;
  • anemia, devido à excessiva perda de sangue;
  • inchaço no abdômen;
  • alterações no funcionamento da bexiga ou do intestino, se os miomas forem grandes e causarem compressão;
  • dor pélvica aguda em alguns casos.

A infertilidade também é um sinal de miomatose. Como os tumores podem alterar o espaço da cavidade uterina e distorcer a camada endometrial, o embrião encontra dificuldades para se implantar e iniciar a gestação.

Em outros casos, a implantação acontece, mas os miomas provocam abortamentos, uma vez que o útero não está em condições perfeitas para levar uma gravidez a termo. Quando a gestação progride, os miomas ainda configuram fator de risco para complicações obstétricas, como parto prematuro e neonato com baixo peso.

Como é a investigação diagnóstica dos miomas?

Na investigação dos miomas, o exame pélvico pode revelar se há aumento do volume uterino ou presença de massas na região. O relato de sintomas como sangramento uterino anormal soma-se à suspeita levantada com o exame físico. Uma análise de sangue pode confirmar se há alterações nos níveis de hemoglobina, indicando anemia — outro sinal de mioma uterino.

Os exames de imagens são fundamentais para confirmar a presença dos miomas no útero e verificar seu local de desenvolvimento. A ultrassonografia transvaginal normalmente é a primeira escolha para investigar problemas nos órgãos pélvicos da mulher. O exame ecográfico realizado com infusão de solução salina — técnica chamada histerossonografia — é ainda mais específico, sobretudo para delinear miomas submucosos.

A ressonância magnética também é um recurso de boa acurácia nessa investigação. Com tal técnica, é possível observar a quantidade e o tamanho dos miomas, assim como a vascularização dos tumores e sua interferência nas características endometriais.

A histeroscopia é o método padrão-ouro para avaliar doenças da cavidade uterina, permitindo, inclusive, a diferenciação entre miomas e os pólipos endometriais maiores. Além da avaliação diagnóstica, a técnica histeroscópica realizada em ambulatório possibilita a ressecção dos miomas menores, enquanto os grandes são retirados em histeroscopia cirúrgica, em bloco operatório.

Como os miomas são tratados?

O manejo terapêutico dos miomas uterinos depende das características do caso, em termos de tamanho dos tumores, sintomas, comprometimento da saúde, idade da paciente e interferência na fertilidade — no caso das mulheres que pretendem engravidar.

Pacientes com miomas pequenos e assintomáticos, encontrados acidentalmente durante a avaliação de outras condições, podem fazer o acompanhamento expectante, com visitas regulares ao ginecologista e exames periódicos, mas sem intervenção.

Quando não há intenção de gravidez imediata e o tratamento cirúrgico não é necessário, as prescrições incluem contraceptivos orais cominados, medicamentos progestagênicos e dispositivo intrauterino hormonal — Mirena® (levonorgestrel).

A indicação cirúrgica é feita quando os miomas são sintomáticos ou crescem de modo anormal e prejudicam os órgãos vizinhos. Da mesma forma, se houver intenção de gravidez, os tumores precisam ser retirados para favorecer a evolução da gestação.

A cirurgia mais indicada é a miomectomia, que pode ser feita por meio de histeroscopia ou videolaparoscopia — ambas as técnicas são minimamente invasivas. O objetivo é remover todos os miomas e restaurar a anatomia uterina. A operação abdominal aberta (laparotomia) ainda é uma ótima opção em nódulos mais volumosos e profundos.

Outras possibilidades, cirúrgicas e não cirúrgicas, para tratamento dos fibroides uterinos incluem:

  • Embolização (não recomendado para pacientes inférteis);
  • Cirurgia por alta frequência guiada por ultrassom;
  • Uso de implantes hormonais.

Por fim, uma intervenção definitiva para os casos mais graves é a histerectomia, que consiste na remoção do útero. Devido ao caráter irreversível dessa cirurgia, a indicação é feita preferencialmente para mulheres na pré-menopausa, com prole constituída e sem planos de novas gestações.

É possível engravidar com mioma?

Se você recebeu um diagnóstico de mioma, ou suspeita dessa condição, saiba que ainda há chances de confirmar uma gestação. Apesar disso, como vimos, alguns miomas podem interferir tanto na fertilidade quanto na evolução da gravidez, portanto recomenda-se o tratamento antes de prosseguir com os planos de maternidade.

A miomectomia tende a aumentar as chances de concepção em casos selecionados, uma vez que restaura as condições uterinas. Ainda assim, diante da dificuldade persistente de engravidar, você pode contar com a reprodução assistida. Quando existem outros fatores envolvidos, a técnica mais indicada é a fertilização in vitro (FIV).

A FIV consiste em um conjunto de etapas que promovem o processo de reprodução humana, começando pela obtenção dos gametas e passando pela fertilização dos óvulos e cultivo dos embriões antes de, finalmente, transferi-los para o útero materno.