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Hipotireoidismo

O hipotireoidismo é uma disfunção da glândula tireoide, responsável pela produção de importantes hormônios — como triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). As ações tireoidianas estão relacionadas a vários processos do organismo, como funcionamento endócrino, renal, hepático e cardíaco. As funções cognitivas e até o controle emocional também dependem da atividade correta dessa glândula.

Os hormônios secretados pela tireoide ainda participam do crescimento e do desenvolvimento de crianças e adolescentes, bem como das funções do aparelho reprodutivo. Assim, tanto a ovulação e os ciclos menstruais, quanto a produção de espermatozoides, podem ser afetados por alguma disfunção tireoidiana.

Na condição de hipotireoidismo, ocorre redução na atividade da glândula, resultando na produção ou ação deficiente dos hormônios da tireoide. Isso interfere nos processos metabólicos, lentificando ou interrompendo diversas funções do corpo.

A incidência do hipotireoidismo é maior acima dos 65 anos e acomete mais mulheres que homens. Contudo, esse problema pode ocorrer em qualquer faixa etária e em ambos os sexos. Então, os casais que enfrentam dificuldades para engravidar devem ficar atentos à possibilidade desse diagnóstico.

Quais são as causas do hipotireoidismo?

A maior parte dos quadros é de origem tireoidiana (hipotireoidismo primário). Um número menor de casos tem relação com problemas na hipófise (hipotireoidismo secundário), glândula responsável por secretar o hormônio TSH que estimula a atividade da tireoide.

A principal causa de hipotireoidismo é a tireoidite de Hashimoto, uma condição autoimune caracterizada pela autodestruição gradativa da glândula tireoide. A deficiência grave de iodo é outra causa comum.

Esse é um elemento importante da dieta, encontrado em peixes e frutos do mar e, principalmente, no sal iodado. Apesar de favorecer as funções da tireoide, o consumo excessivo de iodo também pode trazer malefícios à saúde.

Outras causas de hipotireoidismo primário incluem:

  • tratamento de hipertireoidismo;
  • remoção cirúrgica, parcial ou total, da glândula tireoide;
  • drogas e medicamentos que interferem na síntese dos hormônios tireoidianos;
  • deficiências congênitas, como agenesia (subdesenvolvimento) da tireoide.

Quando o hipotireoidismo é de origem hipofisária pode ser provocado por tumores, traumas, infecções e cirurgias na hipófise. Lesões congênitas e uso de drogas interferentes na liberação dos hormônios hipofisários também podem desencadear a disfunção tireoidiana. O mesmo acontece diante de problemas no hipotálamo.

Quais sintomas o hipotireoidismo provoca?

O mau funcionamento da tireoide pode afetar todos os órgãos e sistemas do organismo em algum nível. Os sinais e sintomas são percebidos no metabolismo geral, na cognição, na pele e nos sistemas nervoso, cardiopulmonar, gastrintestinal, endócrino e reprodutivo.

As manifestações mais evidentes são:

  • fadiga, letargia e sonolência;
  • déficits de memória, concentração e raciocínio;
  • dor e fraqueza muscular;
  • intolerância ao frio;
  • voz rouca;
  • pele e cabelo ressecados;
  • queda de cabelo;
  • inchaço na face e nas pálpebras;
  • constipação intestinal;
  • ganho de peso, apesar da perda de apetite;
  • pressão alta;
  • parestesia (formigamento nas mãos e nos pés);
  • presença de bócio (aumento do volume da tireoide);
  • distúrbios reprodutivos — ausência de ovulação e de menstruação, infertilidade, redução do desejo sexual e disfunção erétil;
  • depressão.

Como diagnosticar e tratar o hipotireoidismo?

A investigação dos sinais e sintomas é o passo inicial para o diagnóstico de hipotireoidismo. A confirmação é feita por meio de exames laboratoriais, os quais incluem a dosagem sérica de TSH e T4 livre. Altos níveis de TSH com baixa concentração de T4L indicam hipotireoidismo primário.

Outros possíveis sinais bioquímicos do hipotireoidismo são anemia, aumento do colesterol total, alterações enzimáticas e hiperprolactinemia (aumento de prolactina). Quando a disfunção tireoidiana tem origem hipofisária, a ressonância magnética da hipófise pode ser realizada para identificar a causa central da doença.

O tratamento do hipotireoidismo consiste na reposição hormonal com o uso de tiroxina sintética (levotiroxina sódica). A terapia farmacológica pode ser mantida por tempo indefinido, sendo necessário realizar dosagens hormonais periódicas para ajustar a dose.

Há de se considerar também o hipotireoidismo subclínico, definido bioquimicamente por níveis elevados de TSH com T4L normal.

O tratamento medicamentoso não é indicado em todos os casos dessa classificação, mas a indicação é válida para pacientes com risco de que a doença progrida para o hipotireoidismo franco, bem como para aqueles que apresentam infertilidade, risco cardiovascular ou doença cardiovascular preexistente.

Qual é a relação entre hipotireoidismo e infertilidade?

O hipotireoidismo manifesto pode impactar adversamente os desfechos reprodutivos de um casal. As complicações vão desde disfunções sexuais e ovulatórias até infertilidade e abortamento espontâneo. Contudo, se houver tratamento adequado, as funções do sistema reprodutor podem ser restabelecidas.

Na mulher, o hipotireoidismo afeta a regularidade menstrual e a ovulação. As alterações hormonais ainda podem prejudicar a receptividade intrauterina e dificultar a implantação do embrião. No homem, a hipoatividade da tireoide provoca redução da libido e dificuldades para manter uma ereção, além de interferir na produção e na motilidade dos espermatozoides.

Além da reposição dos hormônios tireoidianos, se você tem hipotireoidismo e lida com a dificuldade de engravidar, também pode contar com os tratamentos de reprodução assistida. Nos casos de disfunção ovulatória, a técnica indicada é a estimulação ovariana com indução da ovulação — aplicada na relação sexual programada, na inseminação intrauterina e na fertilização in vitro (FIV).

Com os hormônios tireoidianos controlados, as chances de sucesso nas técnicas de reprodução assistida são maiores e também reduzimos o risco de perdas gestacionais.