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SOP: saiba identificar os sintomas

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Algumas doenças – como a SOP (síndrome dos ovários policísticos) – provocam sintomas que não se restringem a alterações fisiológicas, mas manifestam também desdobramentos na saúde mental, vida social e planejamento familiar da mulher.

Na SOP, alterações metabólicas, envolvendo principalmente desequilíbrios na concentração de estrogênios e testosterona, podem provocar o aparecimento de características masculinas nas mulheres – como pelos faciais e aumento da massa corporal –, que demandam cuidados específicos e podem afetar a autoestima.

A possibilidade de infertilidade, igualmente prevista como sintoma da SOP, apresenta riscos para a saúde mental ao interferir no planejamento familiar, especialmente se a gestação for muito esperada, inclusive por outros membros da família, podendo levar à quadros de depressão e ansiedade.

O conhecimento sobre os sintomas aumenta as chances de a mulher percebê-los e buscar tratamento precocemente, o que se reflete também nas chances de sucesso.

Por isso, o objetivo deste texto é mostrar como identificar os sintomas da SOP, incentivando e fornecendo ferramentas para que a mulher busque atendimento médico, caso algum sinal seja notado.

O que é SOP (síndrome dos ovários policísticos)?

A SOP, como o próprio nome diz, é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas que se manifesta simultaneamente, mesmo em doenças diferentes, sem que uma única causa possa ser definitivamente apontada.

No caso da SOP, alterações metabólicas, relacionadas principalmente à secreção das gonadotrofinas hipofisárias FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), levam a um aumento na concentração de testosterona simultaneamente ao rebaixamento na de estrogênios.

A SOP está ligada também a outros fatores de risco, incluindo hiperinsulinemia e resistência à insulina, típicos do diabetes, além de dislipidemia e hipertensão, que provocam riscos cardiovasculares, condições que podem se manifestar de forma correlacionada.

Como identificar os sintomas da SOP?

Embora o nome faça referência aos possíveis cistos formados nos ovários, o diagnóstico em geral é feito considerando os sintomas clínicos e não pela simples presença de cistos ovarianos.

Durante algum tempo a comunidade médica internacional buscou estabelecer protocolos para o diagnóstico da SOP, que pudessem fixar os sintomas mais frequentemente manifestados pelas mulheres portadoras proporcionando, assim, o diagnóstico definitivo.

Embora ainda exista algum debate sobre os protocolos oferecidos atualmente, o documento produzido durante o Consenso de Rotterdam – realizado em 2004 e atualizado em 2012 – tem sido o mais usado e possibilita o diagnóstico da SOP quando ao menos 2 dos sintomas a seguir estão presentes, sendo que nenhum deles é obrigatório:

  • Hiperandrogenismo (comprovado bioquimicamente ou clinicamente);
  • Oligomenorreia ou amenorreia;
  • Múltiplos cistos ovarianos (comprovados por ultrassonografia pélvica transvaginal).

Hiperandrogenismo

Hiperandrogenismo é um conjunto de sinais e sintomas normalmente observáveis à olho nu, relacionados ao aumento da concentração ou da atividade da testosterona no corpo da mulher.

Na SOP, o aumento da concentração de testosterona resulta principalmente de alterações na secreção de LH, que leva à hiper estimulação das células da teca folicular para a produção de testosterona.

Como o FSH mostra-se diminuído, e por isso insuficiente para converter a testosterona em estrogênio, essa dinâmica provoca um aumento relevante na concentração de testosterona – um hormônio que atua também em outras estruturas do corpo, como as células da pele, do complexo que envolve o folículo piloso, as glândulas sebáceas e os adipócitos.

O aumento da testosterona decorrente da SOP provoca, então, o aparecimento de pelos em locais tipicamente masculinos, como a face e o tórax, queda de cabelo, acne e seborreia, (hiperatividade das glândulas sebáceas).

Esses sintomas, além de evidenciar o desequilíbrio hormonal e sugerir um diagnóstico de SOP, também podem causar inúmeros constrangimentos e danos à autoimagem e autoestima, sendo um fator de risco para depressão e ansiedade.

Oligomenorreia ou amenorreia

A ausência de menstruação – amenorreia – ou até mesmo uma diminuição na quantidade de períodos ao longo de um ano – oligomenorreia –, também são sintomas que podem estar relacionados à SOP e são associados, normalmente, a um quadro de infertilidade por anovulação.

Tanto a amenorreia como a anovulação têm origem no rebaixamento no FSH, que não consegue iniciar um processo ovulatório e por consequência não há conversão da testosterona, produzida pela ação do LH, em estrogênio.

Os estrogênios participam diretamente do preparo endometrial, em que se observa o espessamento do endométrio para receber o embrião: quando não há fecundação, é expelido em forma de sangue menstrual.

Cistos ovarianos

A presença de cistos ovarianos, somente percebida com auxílio de ultrassonografia pélvica transvaginal ou suprapúbica, está associada aos mesmos mecanismos que provocam a anovulação.

Os cistos da SOP são, na realidade, folículos ovarianos que, embora tenham sido recrutados, não desenvolvem e permanecem aderidos ao córtex ovariano.

Por que a SOP provoca infertilidade feminina?

A infertilidade pode ser um sinal e uma consequência da SOP, ainda que não seja um sintoma obrigatório para o diagnóstico da síndrome.

Dependendo do grau de severidade da SOP, a mulher pode apresentar desde dificuldades leves para engravidar, decorrentes de um quadro de oligovulação – em que, embora menos frequentes, os ciclos ovulatórios ainda acontecem – até a infertilidade, com predominância de ciclos anovulatórios.

Diagnóstico da SOP

Para que o diagnóstico seja feito, os sintomas determinados pelos Critérios de Rotterdam devem ser confirmados por exames de imagem e laboratoriais – dosagem hormonal, para confirmação do hiperandrogenismo, e a ultrassonografia transvaginal, que observa a presença ou não de cistos ovarianos.

A SOP tem tratamento?

O tratamento específico para SOP é feito principalmente com medicamentos hormonais, cujo objetivo é restabelecer o equilíbrio dos hormônios sexuais.

Essa abordagem é feita geralmente com contraceptivos orais de estrogênio e progesterona e, por isso, somente é indicada para mulheres que não tem planos de engravidar em breve.

Como o tratamento hormonal pode levar algum tempo para mostrar resultados, especialmente contra os sintomas relacionados ao hiperandrogenismo, algumas intervenções estéticas podem ajudar no período, melhorando a autoestima e, consequentemente, a qualidade de vida da mulher.

Quando a reprodução assistida é indicada para SOP?

A reprodução assistida é indicada para a maior parte dos casos de SOP em que a mulher apresenta infertilidade. É importante lembrar que não é capaz de atuar sobre os demais sintomas, apenas na infertilidade.

A IA (inseminação artificial) e a RSP (relação sexual programada) ou coito programado são técnicas de reprodução assistida de baixa complexidade e podem ser a primeira indicação, especialmente se o quadro geral não envolver infertilidade masculina.

A IA atende, ainda, a alguns casos em que os fatores masculinos são leves, como oligozoospermia leve (baixa concentração de espermatozoides).

A FIV (fertilização in vitro) é a técnica mais complexa e abrangente, pois realiza praticamente todos os procedimentos em ambiente controlado (laboratorial) e pode ser indicada para a maior parte dos casos de infertilidade por SOP.

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Postado por fiv em 06/jul/2021 - Sem Comentários

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