A infertilidade conjugal é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma condição na qual um casal, mesmo em idade reprodutiva e sexualmente ativo, não consegue engravidar após 12 meses de tentativas sem o uso de qualquer tipo de contraceptivo.
Embora as formas de infertilidade masculina e feminina não sejam as únicas demandas atendidas pela reprodução assistida, esta área da medicina surgiu principalmente com o objetivo de proporcionar a maternidade ou paternidade às pessoas com dificuldades para ter filhos.
No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) é o órgão que regulamenta as práticas relacionadas à reprodução assistida desde 1992, quando foi emitido o primeiro documento com as normas éticas para a utilização das técnicas no país.
Desde então, o documento tem sido atualizado periodicamente, buscando abranger as novas necessidades reprodutivas e as inovações realizadas neste campo, bem como sua aplicação na prática.
Mas o que é exatamente a reprodução assistida? O texto a seguir busca responder a essa pergunta, mostrando também em quais casos essas técnicas podem ser indicadas e como cada uma é realizada.
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Muitos casais, especialmente aqueles que estão tentando engravidar, já ouviram falar em diversas formas de aumentar as chances de sucesso. Durante muito tempo a tabelinha – um método rudimentar de cálculo do período fértil – foi usada tanto para evitar uma gestação, como para melhorar as chances de engravidar.
Ao longo do tempo, estudos sobre o cálculo mais preciso do período fértil, mecanismos envolvidos no ciclo reprodutivo feminino e na espermatogênese (processo de formação dos espermatozoides) e condições ideais para que a gestação aconteça, aprimoraram o conhecimento sobre a fertilidade humana e foram fundamentais para o desenvolvimento das técnicas de reprodução assistida.
Além da infertilidade conjugal, as aplicações das técnicas de reprodução assistida são, hoje, bastante abrangentes, inclusive na prevenção da transmissão de distúrbios hereditários.
Atualmente a medicina reprodutiva oferece três técnicas: RSP (relação sexual programada), IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro).
A indicação para cada técnica de reprodução assistida deve ser feita de forma individualizada, sempre após um rigoroso processo de investigação diagnóstica, considerando as particularidades de cada caso e as possibilidades e limitações que as técnicas apresentam.
Os principais casos que podem receber indicações para a reprodução assistida são:
Todas as técnicas de reprodução assistida disponíveis são realizadas em etapas interdependentes – ou seja, o sucesso de uma depende de a fase anterior ser igualmente bem-sucedida.
A estimulação ovariana é a única etapa presente em todas elas, embora cada uma utilize protocolos específicos para as dosagens dos medicamentos hormonais, de acordo com seus objetivos.
A RSP é realizada em algumas etapas: estimulação ovariana, indução da ovulação e relação sexual programada.
Para a estimulação ovariana a mulher recebe doses de hormônios sexuais sintéticos – gonadotrofinas ou análogos do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) – durante os primeiros dias do ciclo reprodutivo, com o objetivo de induzir o desenvolvimento e amadurecimento de ao menos um folículo ovariano.
O período é monitorado por ultrassonografia pélvica transvaginal, e a indução da ovulação é realizada quando o exame indica o momento em que o folículo está pronto para liberar o óvulo, que será capturado pelas tubas uterinas, onde poderá ser fecundado.
A partir da indução da ovulação, inicia-se a terceira etapa, e a mulher tem aproximadamente 36h para manter relações sexuais com chances consideravelmente maiores de resultar em gravidez.
A RSP é indicada para os casos de infertilidade feminina leve, normalmente provocada por condições como a SOP (síndrome dos ovários policísticos) e endometriose em estágios iniciais, ou se não houver infertilidade masculina.
Assim como a RSP, a IA é uma técnica de baixa complexidade, já que ambas preveem a fecundação no corpo da mulher. A IA, porém, é mais abrangente, e pode ser indicada em casosde infertilidade masculina leve.
Também é dividida em etapas: estimulação ovariana e indução da ovulação, coleta de sêmen, preparo seminal e inseminação. Na IA os protocolos de estimulação ovariana são semelhantes aos da RSP.
Entre as vantagens da técnica está a possibilidade de selecionar espermatozoides obtidos pela coleta do sêmen (por masturbação), através do preparo seminal,aumentando as chance de fecundação.
Após o preparo seminal, os espermatozoides selecionados são depositados no útero durante o período previsto para ovulação. A fecundação ocorre naturalmente, nas tubas uterinas.
Dividida em cinco etapas – estimulação ovariana e indução da ovulação, punção folicular e preparo seminal, para coleta de folículos e espermatozoides, fertilização in vitro, cultivo embrionário e transferência embrionária –, a FIV é considerada a técnica mais complexa e abrangente.
Nela, a maior parte dos procedimentos é realizada em ambiente laboratorial controlado, sendo, por isso, indicada para praticamente todos os casos de infertilidade, incluindo os mais graves, além de ser essencial para a preservação social e oncológica da fertilidade, para que casais homoafetivos possam ter filhos e para evitar a transmissão de doenças genéticas.
A FIV reúne diversas técnicas complementares, que possibilitam a solução de obstáculos reprodutivos como a transmissão de doenças hereditárias, a indisponibilidade de um ou de ambos os gametas (óvulos e espermatozoides) e problemas relacionados à receptividade endometrial, fundamental para que a gestação tenha início.
As principais são:
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Postado por fiv em 24/dez/2021 - Sem Comentários