A relação sexual programada é um método de reprodução assistida de baixa complexidade, que intervém em um dos eventos mais importantes relacionados à fertilidade feminina: a ovulação.
Os gametas femininos (óvulos) não ficam constantemente disponíveis para a fecundação. Eles ficam armazenados no interior dosfolículos, estruturas localizadas dentro do ovário. Sob o estímulo cíclico do FSH e do estrogênio em determinadas fases do período menstrual, vários folículos crescem.
Contudo, geralmente, apenas um deles se desenvolve a ponto de romper e liberar um óvulo nas tubas uterinas. Os demais involuem. Ou seja, as mulheres saudáveis tendem aliberar apenas um gameta feminino para a fertilização por um espermatozoide. Aumentar essa quantidade pode melhorar as chances de sucesso do processo de fertilização?
Quer entender melhor? Acompanhe!
Os casais inférteis que passaram pelo acompanhamento preconcepcional em consultórios ginecológicos podem já ter recebido orientações para agendar as relações sexuais. Para isso, os médicos indicammétodos para identificar o período próximo à ovulação, como avaliação da temperatura corporal e do aspecto do muco vaginal. Dessa forma, as relações sexuais acontecerão nas datas mais próximas ao dia da ovulação.
A relação sexual programada na reprodução assistida se baseia nesse mesmo princípio de sincronizar as relações sexuais com a ovulação. No entanto, em vez de a ovulação ocorrer espontaneamente, ela será estimulada com medicações a fim de recrutar mais folículos ovarianos que chegam à maturidade final.
Para monitorá-los, são feitas avaliações periódicas com ultrassonografias transvaginais até que 2 ou 3 deles cheguem a um diâmetro de pelo menos 18 milímetros. Então, administra-se outro medicamento para estimular a ovulação, sendo a relação sexual programada para as próximas 24 a 36 horas.
Os métodos de reprodução assistida são escolhidos após uma extensa avaliação das características do casal, de seu histórico médico e a identificação das causas de infertilidade (o que nem sempre é possível). A complexidade das técnicas do plano terapêutico de um casal são proporcionais à complexidade do seu caso.
A FIV, por exemplo, é a abordagem mais avançada da medicina reprodutiva, pois háintervenção médico-laboratorial em várias etapas da reprodução. No entanto, alguns casais podem iniciar seu tratamento com técnicas de baixa complexidade nos casos de infertilidade feminina leve e fertilidade masculina preservada.
Dentre eles, a mais simples é a relação sexual programada. Nela, a única intervenção médica realizada é a estimulação ovariana acompanhada por ultrassom, como explicamos. Com isso, podemos melhorar o prognóstico reprodutivo de alguns grupos de paciente, como:
Algumas pacientes, apesar de apresentar uma reserva ovariana preservada, podem não ovular mesmo que tenham as tubas pérvias e a cavidade do útero normal.
Usualmente, essas pacientes apresentam alguma disfunção hormonal, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), ou genética, que impede o crescimento adequado dos folículos até a fase final. Os medicamentos administrados auxiliam que os folículos se desenvolvam até momento da liberação do óvulo nas tubas uterinas.
Contudo, se houver alguma causa de infertilidade masculina presente, o método pode não ser recomendável, visto que isso reduz substancialmente a taxa de sucesso da RSP.
Como a relação sexual programada é feita?
A primeira fase, a estimulação ovariana,consiste na administração de medicamentos que simulam a ação dos hormônios liberados naturalmente durante o ciclo menstrual. Existem diversos fármacos que podem ser utilizados para esse fim, cuja escolha depende da causa de infertilidade da mulher, da idade e de outros fatores. A individualização terapêutica é fundamental para aumentar as taxas de sucesso do tratamento.
Ao longo do tratamento de estimulação ovariana, a mulher realiza ultrassonografias periódicas, geralmente em dias alternados. Com isso, evita-se que muitos folículos sejam recrutados e cheguem ao estágio final de maturação. O objetivo é ter 2 ou 3 folículos maiores de 18 mm ao final do tratamento. Essa medida reduz significativamente os riscos de uma complicação conhecida como síndrome dahiperestimulação ovariana, além de diminuir o risco de gestações múltiplas (quadrigêmeos, por exemplo).
No mesmo dia em que a ultrassonografia demonstrar os resultados esperados, a paciente receberá a administração de ummedicamento da classe dos análogos do hCG. Ele desencadeia a maturação final dos folículos, fazendo com que eles se rompam em 34 a 36 horas. Esse é o intervalo em que a relação sexual deve ser intensificada.
As taxas de sucesso de cada ciclo em mulheres jovens com infertilidade leve são próximas daquelas obtidas em fertilizações naturais, ou seja, cerca de 20%. No entanto, a partir dos 35 anos, as taxas de sucesso caem progressivamente.
Por tudo que vimos, a relação sexual programada é uma técnica simples e com baixo risco de complicações. Indicada para casais em que o homem é fértil, a mulher é jovem e apresenta infertilidade leve. Com isso, as taxas de sucesso são bem promissoras para que o casal atinja o sonho de ter seus filhos.
Quer saber mais sobre essa técnica? Confira nosso texto completo sobre o tema!
Postado por fiv em 22/dez/2021 - Sem Comentários