A endometriose (implante ectópico do endométrio, tecido que reveste a cavidade uterina) é responsável por queixas frequentes nos consultórios de ginecologia e/ou de reprodução humana assistida:
dor pélvica crônica (dor fora do período menstrual, por mais de 6 meses) acomete 50% a 80% das mulheres diagnosticadas com endometriose;
dismenorreia, dor intensa durante o período menstrual, está presente em 30% a 50% das mulheres portadoras de endometriose;
infertilidade, que acomete ao redor de 30% a 50% das mulheres com endometriose.
Outras manifestações menos frequentes são a dor durante a relação sexual, a dor/dificuldade para defecar e para urinar. Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para o tratamento.
Quer entender melhor? Acompanhe!
Os sintomas podem ou não estar presentes e em diferentes graus na endometriose. Com a evolução da doença, outras complicações podem surgir:
incapacitação: as dores podem ser tão intensas que comprometem a funcionalidade diária da mulher, provocando afastamento do trabalho ou de atividades rotineiras;
infertilidade: a evolução da doença pode levar à redução precoce da reserva ovariana, surgimento de aderências e de alterações estruturais que comprometem a fertilidade permanentemente;
complicações gestacionais: a endometriose parece estar ligada a um risco aumentado de abortamentos espontâneos, gestações ectópicas, partos prematuros e intercorrências periparto.
O comprometimento da qualidade de vida geralmente acontece devido aos sintomas da endometriose e seus reflexos na saúde mental da paciente:
As dores crônicas provocam alterações neurológicas que reduzem a sensação de bem-estar das pessoas;
Algumas mulheres sonham com uma gravidez bem-sucedida e tranquila, que pode ser impedida pela endometriose;
Problemas conjugais podem surgir pelo fato de se evitar relações sexuais devido à dor ou pela infertilidade.
Quais os objetivos da mulher? / A mulher está em idade fértil? / Quer engravidar?
O primeiro passo para a individualização do tratamento é conhecer os seus objetivos, pois os resultados devem buscar plena realização. A conduta de tratamento varia bastante de acordo com o fato de a mulher estar em idade fértil e o seu desejo de engravidar.
Provoca dor? Prejudica a qualidade de vida? É possível o tratamento clínico? A cirurgia é necessária?
Se a resolução da dor for uma prioridade e não houver desejo de engravidar, dependendo do grau da doença, o tratamento clínico é viável. O uso de medicamentos e outras medidas de analgesia podem ser efetivos para essas pacientes. Mesmo que não melhorem totalmente a dor, devolvem a qualidade de vida.
Veja algumas situações que justificam o tratamento cirúrgico, principalmente por métodos minimamente invasivos.
– Infertilidade
Diante da queixa de infertilidade, a cirurgia é o tratamento mais efetivo para melhorar as chances de sucesso de:
Tentativas de fertilização natural ou por métodos de reprodução assistida;
Gestações de menor risco para a mãe e para o bebê;
Nascimentos vivos por qualquer método de fertilização;
– Falha do tratamento clínico em controlar os sintomas
Se a paciente tiver passado por falhas prévias do tratamento clínico, com a associação de medicamentos, a retirada das lesões cirurgicamente está indicada.
– Gravidade da doença
A gravidade da doença justifica a conduta cirúrgica em situações, como:
Quando algumas complicações surgem, como a invasão de certos órgãos pela doença;
Dor intensa ou incapacitante.
– Endometriomas de grande volume
Endometriomas de grande diâmetro, geralmente maiores que 3,5 cm – 4 cm, têm indicação de ressecção cirúrgica.
– Endometriose na bexiga e nos ureteres
Devido ao risco de obstrução urinária e de dilatação dos rins (hidronefrose), a retirada cirúrgica das lesões de endometriose está indicada sempre que os implantes acometerem esses órgãos. No caso de algumas formas da doença nos ureteres, a cirurgia endoscópica também pode ser realizada.
– Endometriose no ílio
Estão associadas ao aumento de risco de obstrução intestinal total, a qual leva a cirurgias abertas do abdômen de emergência.
– Endometriose no apêndice cecal
A retirada da endometriose é necessária para diferenciá-la de um tipo de câncer que acomete a região, o tumor carcinoide.
A preparação para a cirurgia dependerá do método a ser executado, mas usualmente envolve as seguintes etapas:
Investigação da saúde por exames complementares (hemograma, eletrocardiogramas, entre outros);
Avaliação pré-anestésica e do risco cardiológico;
Jejum de 8 a 12 horas antes do procedimento;
As cirurgias pélvicas que necessitam de intervenção nos ovários apresentam um risco de comprometimento da fertilidade da mulher devido à diminuição da reserva ovariana.
Para evitar essa complicação, a preservação da fertilidade é uma terapia muito importante. No procedimento as células reprodutivas da mulher (óvulos) ou os embriões formados antes da execução da cirurgia são criopreservados. Dessa forma, mesmo que haja o comprometimento da reserva ovariana, haverá gametas viáveis para a fertilização in vitro.
Diante de tudo isso, devemos ressaltar que o tratamento é sempre individualizado caso a caso. As informações anteriores são apenas uma ilustração do que é mais comum no dia a dia.
Portanto, as características da sua endometriose podem exigir condutas diferentes para que você atinja os objetivos. O médico estará atento a isso para tomar uma decisão junto com você!
Quer entender melhor a endometriose, diagnóstico e tratamento? Não deixe de ler este nosso artigo sobre o tema!
Postado por fiv em 04/ago/2021 - Sem Comentários