Durante algum tempo acreditou-se que a infertilidade conjugal fosse uma condição exclusivamente feminina, contudo, hoje sabe-se que fatores masculinos também podem participar deste quadro sendo, inclusive, um pouco mais frequentes do que os femininos.
Podemos dividir as causas de infertilidade masculina segundo sua origem, genética ou adquirida. Elas podem provocar danos às células reprodutivas, obstruções no trajeto dos espermatozoides para a fecundação e interferir no processo de produção.
Quando um homem recebe o diagnóstico de infertilidade normalmente a condição é consequência de doenças e comorbidades (associação de duas ou mais), relacionadas a seguir:
O diagnóstico de infertilidade masculina, contudo, só pode ser definido após um rigoroso processo de investigação dos motivos pelos quais o casal não consegue ter filhos, realizado por diversos exames laboratoriais e de imagem.
Os detalhes da investigação para infertilidade masculina podem ser encontrados no texto a seguir.
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Muitas condições que provocam infertilidade masculina podem ser assintomáticas e o homem só tem conhecimento de sua condição quando encontra dificuldades para engravidar a parceira. Por isso, se houver presença de qualquer sintoma que possa indicar alterações na saúde do trato urogenital, é importante procurar um médico imediatamente.
Pode haver certa ansiedade quando as primeiras tentativas não resultam em gestação. No entanto, é importante lembrar que o processo de investigação só inicia após 1 ano de tentativas quando a parceira tem menos de 35 anos, período que diminui para 6 meses se a idade for superior, segundo definição da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Se o casal se encaixar na definição da OMS, é preciso iniciar a investigação para detectar as causas. Entre os exames geralmente solicitados estão os laboratoriais, como o espermograma ou as dosagens hormonais, e os de imagem, incluindo a ultrassonografia.
Na primeira consulta é realizado o exame físico e analisado o histórico de saúde individual e familiar do casal: além de possíveis problemas genéticos há ainda chances de contato prévio com doenças que ofereçam potencial risco à função reprodutiva.
O exame físico inclui a verificação de alterações no volume testicular e a presença de veias varicosas visíveis, o que pode indicar varicocele, além de observar a ocorrência de pus ou secreções penianas, hipersensibilidade à palpação, entre outras.
Abordar o histórico de saúde é importante principalmente para averiguar possíveis intervenções cirúrgicas e o contato com infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que podem deixar cicatrizes – principalmente nos epidídimos – em forma de aderências, provocando um quadro de azoospermia obstrutiva mesmo após o tratamento.
Os resultados da avaliação inicial indicam os primeiros exames solicitados.
Embora alguns exames possam ser mais específicos, outros são padrão para avaliação na etapa inicial, entre eles:
Destes, o espermograma é o mais direcionado à avaliação da fertilidade, por ser capaz de estimar a integridade do sêmen e dos espermatozoides, com parâmetros também estabelecidos pela OMS:
Um dos diagnósticos apontados pelo espermograma é o de azoospermia, uma condição mais severa em que não é possível encontrar espermatozoides no sêmen, ainda que qualquer outra alteração nesses parâmetros também possa indicar problemas na fertilidade.
Os resultados do exame facilitam, ainda, a definição de outros mais específicos, indicados em seguida.
O hemograma avalia deficiências nutricionais e a presença de células imunológicas que possam sugerir a presença de infecções, enquanto o rastreio para ISTs pode constatar a de agentes infecciosos, que influenciam a saúde do sêmen e dos espermatozoides.
A maior parte dos agentes sexualmente transmissíveis pode ser identificada por exames de sangue ou pela análise laboratorial de secreções penianas.
Nos casos em que os exames iniciais não são suficientes para fechar um diagnóstico preciso, a primeira etapa da investigação pode direcionar para a necessidade de exames mais específicos, como a ultrassonografia testicular com Doppler, envolvida no diagnóstico da varicocele, o teste de fragmentação do DNA espermático e diversas modalidades de dosagem hormonal.
O teste de fragmentação do DNA espermático é utilizado para mensurar as taxas de espermatozoides anômalos no sêmen, incapazes de fecundar o óvulo ou envolvidos em aborto de repetição.
Já as dosagens hormonais têm como objetivo analisar as concentrações de hormônios sexuais, especialmente a testosterona e as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante: a deficiência desses hormônios pode prejudicar diretamente a espermatogênese.
Dependendo das causas, a infertilidade masculina pode ser tratada de forma medicamentosa, cirúrgica ou pela reprodução assistida.
Entre os tratamentos medicamentosos estão os antibióticos utilizados no combate às ISTs. Os medicamentos hormonais, com a testosterona como princípio ativo, são prescritos somente para os casos de hipogonadismo, quando há redução nas concentrações do hormônio. O uso da testosterona sem indicação adequada pode até piorar um quadro de infertilidade.
A abordagem cirúrgica normalmente é indicada para correção da varicocele, remoção de obstruções que podem impedir o transporte dos espermatozoides e quando há o desejo de realizar a reversão da vasectomia, cirurgia de esterilização masculina.
A reprodução assistida pode ser opção se não existir tratamento para a causa primária da infertilidade masculina, ou se os tratamentos anteriores não forem capazes de restabelecer a fertilidade do homem.
A infertilidade por alterações menores nos espermatozoides pode ser superada pelo preparo seminal, uma das etapas da IA (inseminação artificial) e da FIV com ICSI (fertilização in vitro com injeção intracitoplasmática de espermatozoides), técnica mais complexa, que também possibilita o tratamento quando há alterações mais graves ou fatores femininos associados.
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Postado por fiv em 01/jul/2021 - Sem Comentários