A predisposição à trombose é chamada de trombofilia e pode ter causas hereditárias ou adquiridas. Os riscos de eventos tromboembólicos aumentam durante a gestação e o puerpério, em razão das alterações naturais que ocorrem no sistema hemostático durante esse período.
Além dos riscos obstétricos, a trombofilia também é uma das causas de perda gestacional precoce. Como se trata de uma condição assintomática, dificilmente há detecção precoce do problema. Em alguns casos, a mulher pode chegar ao diagnóstico somente após abortamentos recorrentes.
Se você tem enfrentado perdas gestacionais recorrentes ou se tem algum antecedente de trombose, leia este texto com atenção! Trombofilia é uma condição séria e que pode afetar o curso da gravidez, sendo necessário o acompanhamento médico especializado para que a gestação transcorra sem complicações.
As trombofilias causadas por alterações hereditárias incluem mutações gênicas e deficiências das proteínas anticoagulantes. Assim, esses casos podem ser decorrentes de:
Já a trombofilia adquirida é principalmente causada pela síndrome dos anticorpos antifosfolípides (SAAF). Essa é uma condição autoimune que prejudica o funcionamento hemostático, uma vez que as proteínas que atuam na coagulação sanguínea são agredidas pelo sistema de defesa do próprio organismo.
A pessoa que tem trombofilia pode nunca desenvolver tromboses venosas e arteriais. No entanto, alguns fatores aumentam o risco dos eventos trombóticos, como:
A trombofilia não é uma doença, mas uma propensão aumentada ao estado de hipercoagulação sanguínea. Então, trata-se de uma condição, por si, assintomática. No entanto, a trombose venosa profunda (TVP) e a embolia pulmonar são eventos trombóticos com sintomas identificáveis.
A TVP é comum nos membros inferiores e apresenta dor, inchaço, aumento da temperatura e cor arroxeada no local dos trombos (coágulos). A embolia pulmonar pode ser identificada por sintomas como dor no tórax, tosse e dificuldade para respirar.
O diagnóstico de trombofilia é confirmado por exames de sangue. Os estudos laboratoriais incluem: análises gênicas para verificar mutações; pesquisa de anticoagulante Lúpico; dosagens plasmáticas para identificar deficiência das proteínas que agem na coagulação; entre outros métodos. A investigação clínica também é fundamental para identificar o histórico médico e familiar do paciente, além de outros fatores de risco.
Os eventos trombóticos são controlados com remédios anticoagulantes. O tratamento consiste no uso de heparina e de medicamentos antagonistas da vitamina K. A duração da terapia farmacológica é variável e depende do tipo de trombofilia (hereditária ou adquirida) e do risco de recorrência de trombose. Os casos idiopáticos apresentam maior risco de recidiva do que os eventos provocados.
Mulheres com trombofilia podem ter prejuízos na vascularização do útero se ocorrer a oclusão dos vasos sanguíneos, o que leva ao abortamento pré-clínico. Nos tratamentos de reprodução assistida, também existem esses riscos. Portanto, é relevante investigar a trombofilia em casos de falhas recorrentes de tentativas de gravidez ou perdas gestacionais.
O abortamento pré-clínico é aquele que ocorre antes mesmo da confirmação da gestação pelo teste beta hCG, uma vez que o processo de implantação do embrião não foi concluído. Existem dúvidas na literatura sobre a influência da trombofilia na falha de implantação. Acredita-se que o estado de hipercoagulação cause perdas gestacionais em estágios mais avançados do 1º trimestre.
Após confirmação do quadro, as chances de a gravidez evoluir normalmente são muito boas. O tratamento é feito administrando anticoagulantes. Dessa forma, conseguimos evitar a formação de trombos e melhorar a vascularização uterina.
Caso você tenha predisposição à trombose, precisará de um acompanhamento médico mais rigoroso durante a gestação. Isso porque a fisiologia da gravidez altera o sistema de coagulação, promovendo um estado de hipercoagulabilidade para proteger a gestante de hemorragias durante o período gestacional e o parto.
Gestantes com trombofilia precisam fazer o tratamento com os anticoagulantes por toda a gestação e até o fim do puerpério (40 dias após o parto). A trombose placentária provoca a obstrução dos vasos da placenta, prejudicando o transporte de nutrientes e oxigênio para o bebê.
Abortamento, restrição do crescimento fetal, placenta prévia, redução do líquido amniótico, pré-eclâmpsia e óbito fetal estão entre os riscos obstétricos associados à trombofilia. Sendo assim, trata-se de uma condição de alto risco, tanto para o feto quanto para a mãe. Entretanto, com um rigoroso acompanhamento médico, tudo pode transcorrer sem intercorrências.